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Crédito: Reprodução da Internet
A Igreja não pode permanecer silenciosa diante de leis e políticas que atentem contra a vida, a família ou a liberdade religiosa. Como lembra São João Paulo II em Evangelium Vitae, “não se pode promover a cultura da morte sob o pretexto de progresso ou de autonomia”. A neutralidade diante do mal é, por si mesma, uma gravíssima falha moral. A política, portanto, deve ser um instrumento para proteger a dignidade humana, e a Igreja tem a obrigação de apontar caminhos justos.
O Concílio Vaticano II ensina: “o bem comum é a finalidade própria da comunidade política” (Gaudium et Spes, 26). Isso significa que políticas que legalizam o aborto, a eutanásia, ideologias de gênero que negam a realidade do homem e da mulher, ou qualquer ataque à família natural, são intrinsecamente injustas e jamais podem ser aceitas como legítimas. A Igreja não está opinando sobre preferências ou estratégias políticas; ela define limites morais que não podem ser ultrapassados sem pecado grave.
A subsidiariedade não é mera recomendação administrativa; é expressão da lei natural. Não se pode permitir que governos concentrem poder em detrimento da liberdade familiar e comunitária, nem que ideologias radicais corroam a sociedade desde a base. Encíclicas como Quadragesimo Anno mostram que uma sociedade justa protege o direito da família, da iniciativa local e da solidariedade concreta, sem subordinar a pessoa a um aparato estatal totalizante.
Em Dignitatis Humanae, a Igreja ensina que “a pessoa humana tem direito à liberdade religiosa”. Esse direito não é relativo. Não se trata de uma mera opinião: é dever moral e obrigação do Estado respeitar a fé e a consciência. Leis que cerceiam a expressão religiosa ou forçam a renúncia a princípios éticos e morais violam diretamente a ordem natural e divina. A Igreja, portanto, deve intervir com coragem quando tais direitos são ameaçados.
O laicato não é chamado a adotar neutralidade nem a se esconder atrás de abstrações. Como lembra Bento XVI, “os cristãos leigos têm o direito e o dever de infundir valores cristãos na vida pública”. Isso significa defender vida, família, liberdade religiosa e justiça social, sem jamais acomodar-se a ideologias contrárias ao Evangelho. Engajamento político é uma extensão da missão evangelizadora: formar políticas justas, proteger os vulneráveis e combater estruturas de pecado.
Quando políticas públicas violam direitos fundamentais, a Igreja deve falar com clareza. Evangelium Vitae alerta que não se pode aceitar leis que legalizem o assassinato de inocentes, seja no ventre materno ou no fim da vida. O silêncio diante dessas injustiças é cumplicidade moral. A Igreja age profeticamente: denuncia, educa e orienta as consciências, mesmo que isso gere conflito com autoridades políticas ou correntes culturais dominantes.
Embora engajada, a Igreja não se confunde com partidos ou governos. Não existe um meio moral para fins maus: legislar injustamente ou violar a lei natural jamais pode ser considerado legítimo. Documentos como Pacem in Terris e Centesimus Annus reforçam que a verdade não pode ser negociada por conveniência política. O cristão deve atuar sempre à luz da doutrina, sem comprometer princípios fundamentais.
O Compêndio da Doutrina Social da Igreja ensina que uma sociedade justa começa com cidadãos formados na verdade do Evangelho. O cristão deve conhecer os princípios da lei natural, da dignidade humana e do destino universal dos bens, para discernir corretamente no contexto político. Sem essa formação, qualquer atuação política será superficial ou até contrária à vontade de Deus.
O Catecismo (CIC 2245) estabelece: “a comunidade política e a Igreja são independentes e autônomas, cada uma no seu campo”. Isso não é desculpa para indiferença. A independência da Igreja garante que ela possa falar a verdade sem medo de retaliações, enquanto a autonomia do Estado só é legítima quando respeita a lei natural e os direitos inalienáveis da pessoa humana.
A Igreja ensina sem hesitação: não se pode comprometer a verdade do Evangelho por conveniências políticas. Vida, família, liberdade religiosa e justiça social não são negociações possíveis. O cristão deve agir com coragem, discernimento e firmeza moral, orientado pelos princípios do Magistério, da Tradição e da Doutrina. Engajar-se politicamente não é uma opção; é um dever de amor ao próximo, em fidelidade a Cristo. A neutralidade é falsa segurança; o Evangelho exige ação, mesmo que seja impopular ou controversa.