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Crédito: Reprodução da Internet
Muitos católicos participam da Missa sem perceber a grandiosidade do que está acontecendo diante de seus olhos. Talvez pensem que é apenas uma celebração comunitária, uma recordação simbólica da Última Ceia, um momento de oração em conjunto. Mas essa visão é perigosamente superficial. A Missa, na verdade, é o próprio Sacrifício de Cristo na Cruz, renovado e tornado presente de forma misteriosa e real — porém sem derramamento de sangue.
Não se trata de repetir a cruz. Cristo morreu uma só vez, como ensina São Paulo na Carta aos Hebreus (Hb 9,12), e esse único sacrifício tem valor eterno. O que ocorre na Missa é a tornada presente desse mesmo sacrifício, de maneira sacramental. A Igreja afirma, com autoridade infalível, que a Missa é o mesmo e único sacrifício do Calvário, oferecido de modo incruento, ou seja, sem sangue visível, sob as aparências do pão e do vinho.
Essa é a fé constante da Igreja, definida no Concílio de Trento, que combateu os erros protestantes que negavam o caráter sacrificial da Eucaristia. O concílio foi categórico: ainda que o modo seja diferente, trata-se do mesmo sacerdote (Cristo) e da mesma vítima (Cristo), agora oferecido por meio dos ministros ordenados.
O Catecismo da Igreja Católica retoma esse ensinamento com clareza:
“O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: é uma só e mesma vítima, é o mesmo que oferece agora pelo ministério dos sacerdotes, que Se ofereceu a Si mesmo na cruz” (CIC, §1367).
Quando o padre celebra a Missa, não é apenas ele quem age. Ele atua “in persona Christi”, ou seja, na Pessoa de Cristo. É o próprio Cristo que oferece novamente o Seu sacrifício ao Pai, mas agora de modo sacramental, por meio dos sinais visíveis da liturgia. O altar é, ao mesmo tempo, mesa e altar de sacrifício. O pão e o vinho consagrados tornam-se, verdadeiramente, o Corpo e o Sangue de Cristo — o mesmo Corpo que foi entregue, o mesmo Sangue que foi derramado no Calvário.
Mas como é possível que o sacrifício da cruz, ocorrido há dois mil anos, se faça presente hoje em cada altar do mundo? O mistério se explica pela própria natureza da Eucaristia. O que aconteceu na cruz é eterno para Deus. O tempo não limita a ação divina. Na Missa, Cristo não morre de novo, mas torna presente, de forma incruenta, o mesmo ato de entrega que realizou de uma vez por todas. É como se o Calvário fosse transportado até nós, ou melhor, como se fôssemos levados até o Calvário.
Os santos compreendiam isso com uma clareza impressionante. São João Maria Vianney dizia que, se soubéssemos o que realmente acontece na Missa, morreríamos de amor. Padre Pio, que carregava os estigmas de Cristo, afirmava que a Missa é a renovação do Calvário, e que os anjos a cercam com profundo temor e reverência. Santo Afonso de Ligório escreveu que a Missa é a obra-prima da redenção, pois nela se renova sacramentalmente o sacrifício da cruz.
Negar que a Missa seja um verdadeiro sacrifício é cair num grave erro. É esvaziar o centro da fé católica. Como disse São Leonardo de Porto Maurício, grande pregador da Missa:
“O mundo poderia existir sem o sol, mas não sem a Missa.”
Porque é nela que a graça da Redenção continua a ser aplicada às almas, é nela que Cristo intercede pelo mundo, é nela que os méritos da Cruz chegam a nós.
A Missa é, portanto, o ponto mais alto da vida da Igreja e da vida de cada fiel. Quando participamos dela com fé, consciência e reverência, somos levados ao pé da cruz. E ali, como a Virgem Maria, como São João, como os santos de todos os tempos, podemos unir nossos sacrifícios ao único sacrifício de Cristo, tornando nossas vidas uma oferta agradável a Deus.