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Crédito: Reprodução da Internet
A Santa Missa é o momento em que o Céu desce à Terra de modo mais real e palpável. No ápice deste mistério, temos a Sagrada Comunhão: o próprio Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo se une a nós. Diante de tamanho mistério, a pergunta que todo católico sério precisa fazer a si mesmo é: “Estou comungando bem?”. E mais: “Sei o que fazer depois de receber a Eucaristia?”
O problema é que, muitas vezes, nos acostumamos com o sagrado. A rotina anestesia a alma. A pressa, a distração e a superficialidade se infiltram justamente no momento mais sublime da nossa vida espiritual.
A primeira condição essencial para comungar bem é estar em estado de graça. Isso não é uma sugestão ou uma “recomendação pastoral opcional”. É uma exigência absoluta do Magistério da Igreja.
O Catecismo da Igreja Católica (n. 1385) é direto:
“Quem tem consciência de estar em pecado mortal deve receber o sacramento da Reconciliação antes de se aproximar da comunhão.“
São Paulo, com sua habitual clareza e dureza, nos adverte em 1 Coríntios 11,27-29:
“Aquele que come o pão ou bebe o cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor… Pois quem come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação.“
Traduzindo para o português contemporâneo: comungar em pecado mortal é cometer um sacrilégio.
Além disso, é necessário ter intenção reta, ou seja, desejar unir-se a Cristo com amor e devoção, e não por mera rotina social ou para “fazer bonito”.
Outro ponto negligenciado atualmente é o jejum eucarístico. O Código de Direito Canônico (Cân. 919) é claro:
“Quem vai receber a Santíssima Eucaristia deve abster-se de qualquer alimento ou bebida, com exceção apenas de água e remédios, pelo espaço de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão.“
Esta pequena penitência corporal tem por objetivo despertar o desejo interior e preparar o corpo e a alma para o encontro com o Senhor.
O modo de receber a Comunhão não é uma questão de gosto pessoal, mas de reverência objetiva. A Igreja sempre pediu atitudes externas que manifestem o que acontece interiormente: um encontro com Deus vivo e verdadeiro.
O Papa Bento XVI, em seu livro-entrevista “Luz do Mundo” (2010), afirmou:
“O modo como tratamos a Eucaristia não pode ser uma questão de gosto individual, mas deve corresponder à grandeza deste Sacramento.“
Por isso, a Igreja sempre valorizou o receber de joelhos e na boca, como forma visível de adoração. Essa prática, além de tradicional, evita abusos e distrações.
Depois de comungar, não é hora de folhear o folheto da missa, olhar para os lados, pensar no almoço ou iniciar conversas sociais. É hora de intimidade com Cristo.
O Concílio Vaticano II, na Sacrosanctum Concilium (n. 56), afirma que a Liturgia “alimenta os fiéis de maneira mais abundante com a mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo” e que os fiéis devem “corresponder interiormente” a esse alimento.
Essa resposta interior pede silêncio, recolhimento e oração pessoal. Santo Afonso de Ligório, Doutor da Igreja, é categórico:
“Depois da Santa Comunhão, Jesus permanece, de forma especial, na alma durante o tempo em que as espécies permanecem intactas. É o momento mais precioso para falar com Ele, escutá-Lo e fazer atos de amor, gratidão, reparação e súplica.“
Os santos são unânimes sobre a importância deste silêncio pós-comunhão.
O Papa João Paulo II, na encíclica Ecclesia de Eucharistia (n. 25), reforça:
“Permaneçamos longamente de joelhos diante de Jesus presente na Eucaristia, reparando com a nossa fé e o nosso amor as negligências, os esquecimentos e as ofensas que Ele deve suportar em tantas partes do mundo.“
A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), n. 88, determina:
“Concluída a distribuição da Comunhão, o sacerdote e os fiéis podem dedicar-se, por algum tempo, à oração pessoal e ao sagrado silêncio.“
Isso é norma litúrgica, não um detalhe estético ou uma sugestão devocional.
Infelizmente, muitas comunidades tratam esse momento com pressa e descuido. Muitas vezes, o padre mal se senta e já começam os avisos paroquiais ou o canto final — tudo atropelado. Isso não deveria acontecer.
O Papa Bento XVI, na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis (n. 50), faz um apelo direto:
“Uma adequada educação no sentido do silêncio deve ser promovida nas nossas comunidades. Recomenda-se vivamente o silêncio tanto antes da celebração como durante a celebração e especialmente após a comunhão.“
Uma boa prática de ação de graças após comungar pode incluir:
Algumas orações recomendadas pelos santos:
Esse momento não é para conversas com o vizinho de banco ou para planejar a agenda da semana. Tampouco é hora de mexer no celular ou sair correndo da Igreja.
Santa Teresa de Lisieux ensina:
“Depois da Comunhão, Jesus permanece na alma como num sacrário vivo. Se as pessoas compreendessem isso, não sairiam da igreja tão rapidamente!“
Se queremos renovar a vida espiritual da Igreja, precisamos começar por aquilo que é central: o respeito e a reverência à Sagrada Eucaristia.
Comungar bem não é apenas uma formalidade. É uma questão de salvação, de amor, de justiça para com Deus. E o silêncio pós-comunhão não é um detalhe opcional: é o eco interior de um encontro com o próprio Deus que acabou de se entregar a nós.
Cristo espera nosso recolhimento. Ele aguarda as palavras íntimas da alma. Ele deseja um coração silencioso, atento e adorador.
Se você quiser transformar sua vida espiritual, comece por comungar melhor. E, depois, permaneça com Ele… em silêncio, em adoração, em amor.