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Crédito: Reprodução da Internet
“Onde está Cristo Jesus, ali está a Igreja Católica.”
– Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Esmirnenses, cerca do ano 107 d.C.
Pouco mais de sete décadas após a Ressurreição de Cristo, um bispo já idoso e em vias de ser martirizado em Roma escreveu uma frase que ressoaria pelos séculos: “Onde está Cristo, ali está a Igreja Católica”. A citação, retirada da Carta aos Esmirnenses (parágrafo 8), é de Santo Inácio de Antioquia, discípulo direto dos apóstolos — segundo a tradição, de São João Evangelista.
Essa é, até onde a história nos permite comprovar, a primeira vez em que o termo “católica” aparece aplicado à Igreja de Cristo. E ele não o usa de maneira explicativa ou pedagógica, como quem introduz um conceito novo. Pelo contrário: usa como algo já compreendido, aceito e comum entre os cristãos do primeiro século.
A palavra “católica” vem do grego katholikos (καθολικός), que significa “universal“, ou ainda “segundo o todo”. Ela exprime a ideia de unidade na fé, universalidade na missão, e integridade da doutrina apostólica.
Ser “católica” é ser fiel à totalidade da fé que Cristo confiou aos apóstolos. Santo Cirilo de Jerusalém, no século IV, explica:
“A Igreja é chamada católica porque está espalhada por todo o mundo, porque ensina de modo completo e sem defeito todos os dogmas necessários, e porque cura todo tipo de pecados.”
– Catequeses Mistagógicas, 18,23
Até o século XVI, não existia outra Igreja que se dissesse “igreja” sem reconhecer o Papa de Roma — mesmo com as cisões orientais, como o cisma com Constantinopla em 1054. Todos sabiam que a Igreja fundada por Cristo era una, santa, católica e apostólica, como professamos até hoje no Credo Niceno-Constantinopolitano (381 d.C.).
Esse Credo foi ratificado pelo Concílio de Constantinopla I, e nele a palavra “católica” já estava inserida de forma formal, como uma das quatro notas da verdadeira Igreja.
“Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica.”
– Credo do Concílio de Constantinopla, 381 d.C.
Santo Agostinho é outro gigante que usa o termo com frequência:
“A própria Igreja é chamada católica não apenas pelos seus membros, mas porque ela é verdadeiramente universal, espalhada por todo o mundo.”
– Carta 93,11,33
No contexto das heresias que assolavam o norte da África, Agostinho usava o termo “católica” para demonstrar que a verdadeira Igreja de Cristo era visível, orgânica, e universal — e não um grupo sectário ou local.
O Concílio de Trento (1545–1563), reagindo à fragmentação protestante, reafirma o uso do nome “Igreja Católica” com toda força:
“Esta santa Igreja foi instituída pelo Senhor e Salvador nosso como uma assembleia visível e hierárquica, e nela deve permanecer toda a plenitude da fé católica.”
– Concílio de Trento, Sessão IV
Já o Concílio Vaticano I (1869–1870), reafirmou:
“A Igreja que o Filho de Deus fundou é chamada católica, pois é a única que transmite integralmente a doutrina recebida dos Apóstolos.”
– Pastor Aeternus
O próprio Papa Bento XVI, em um dos momentos mais claros de seu pontificado, escreveu:
“A catolicidade da Igreja não é uma soma geográfica, mas é a expressão da totalidade recebida dos Apóstolos e transmitida intacta.”
– Homilia, 29 de junho de 2005
Vivemos num tempo em que muitos tentam redefinir a Igreja segundo gostos pessoais ou modismos ideológicos. O nome não é mero adorno antigo: ele afirma a integridade da fé, a continuidade histórica com os apóstolos, e a missão universal de levar Cristo a todos os povos, sem reduzir a fé a tribalismos, “experiências pessoais com Jesus” ou assembleias democráticas.
O nome “Igreja Católica” é um ato de fé na Igreja una e visível, guiada pelo sucessor de Pedro. Não é rótulo: é essência.
Desde Santo Inácio até o Papa Leão XIV (atual pontífice), a Igreja jamais deixou de se reconhecer como católica — una, universal, apostólica e fiel à totalidade da fé. Esse nome não surgiu no Vaticano, nem em concílios tardios, mas brota das entranhas da fé primitiva. Ele aponta não apenas para um nome, mas para uma identidade divina, enraizada na encarnação de Cristo e sustentada pelo Espírito Santo.
Portanto, dizer “Igreja Católica” é dizer tudo.