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Crédito: Reprodução da Internet
A Igreja vive da Eucaristia. São João Paulo II começou assim sua encíclica Ecclesia de Eucharistia (2003): “A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência cotidiana de fé, mas encerra em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja.”
Tudo o que somos como católicos — povo sacerdotal, missionário, mariano — nasce do altar. É ali que o Céu toca a terra, que Cristo se entrega novamente, e que nós, pequenos, somos elevados a participar do mistério da salvação. A adoração eucarística é o prolongamento natural da Santa Missa, o eco silencioso da consagração que continua no coração dos fiéis.
A doutrina da presença real é um dos pilares da fé católica. O Concílio de Trento afirmou solenemente que, “pelo poder das palavras da consagração, o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo estão realmente, verdadeiramente e substancialmente contidos sob as espécies do pão e do vinho”.
Adorar a Eucaristia é, portanto, reconhecer que ali está o próprio Deus, vivo e presente. Não uma lembrança, não um símbolo, mas o Cristo total — Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Diante d’Ele, toda linguagem se cala, e o coração se dobra. Quem entende a presença real, entende o coração da Igreja.
A adoração eucarística é, antes de tudo, um encontro. Quem se ajoelha diante do Santíssimo Sacramento entra em uma escola de amor e humildade. São João Paulo II vivia isso intensamente. Seus secretários pessoais relatam que ele passava longos períodos prostrado diante do sacrário, mesmo após dias exaustivos de trabalho.
Ele dizia: “Na adoração eucarística, nos colocamos diante de Jesus Cristo, presente realmente na Hóstia, para nos deixarmos transformar por Ele. A adoração é o segredo da minha força.”
Adorar é permitir que Cristo nos olhe. É ser curado pelo olhar de quem nos amou primeiro. Não há pressa diante do Eterno; há presença. O verdadeiro adorador não é quem fala muito, mas quem permanece.
Karol Józef Wojtyła nasceu em Wadowice, na Polônia, em 18 de maio de 1920. Desde jovem, conheceu o sofrimento: perdeu a mãe aos nove anos, o irmão aos doze e o pai aos vinte. Viveu a Segunda Guerra Mundial e trabalhou em pedreiras enquanto frequentava o seminário clandestino de Cracóvia.
Ordenado sacerdote em 1946, bispo em 1958, arcebispo em 1964 e cardeal em 1967, seria eleito Papa em 16 de outubro de 1978, tomando o nome de João Paulo II. Seu lema — Totus Tuus — revelava a profunda consagração à Virgem Maria, Mãe da Eucaristia.
Ele foi um homem moldado aos pés do sacrário. Seus dias sempre começavam com longas horas de oração e terminavam em silêncio diante de Cristo. Um de seus secretários, o cardeal Dziwisz, testemunhou: “Ele vivia da Eucaristia. Ali ele se encontrava com o seu Senhor. Era a sua força e o seu descanso.”
A adoração eucarística não é fuga do mundo. É dela que nasce o impulso missionário. Quem adora se transforma, e quem se transforma quer transformar o mundo. João Paulo II dizia: “A Igreja precisa de adoradores que fiquem de joelhos diante de Deus para poder permanecer de pé diante dos homens.”
Adorar é receber a missão. É deixar que Cristo fale ao coração e envie, como enviou os apóstolos do Cenáculo. A energia apostólica dos santos brota da Eucaristia — do altar para as ruas, do sacrário para o mundo. Por isso, comunidades que mantêm a adoração constante são comunidades vivas, fecundas e evangelizadoras.
São João Paulo II recordava, em Mane Nobiscum Domine (2004), que “a presença eucarística de Cristo nos impele a um compromisso de caridade, de solidariedade e de serviço.”
A adoração sem caridade se torna intimismo; a caridade sem adoração perde sua alma. Diante da Eucaristia aprendemos a amar como Cristo amou — silenciosamente, totalmente, até o fim. Adorar e servir são dois gestos que nascem do mesmo mistério.
Quem se aproxima da Eucaristia com fé experimenta frutos profundos:
O Papa polonês acreditava que a renovação da Igreja viria dos adoradores. Ele dizia: “É da Eucaristia que a Igreja tira a força para enfrentar as dificuldades do tempo presente e do futuro.”
Num mundo fragmentado, acelerado e superficial, a adoração é resistência espiritual. É o grito silencioso de quem acredita que Deus ainda fala no meio do ruído. É a resposta mais poderosa à indiferença moderna: ajoelhar-se diante de Cristo e declarar, com a vida, “Tu és o Senhor!”
Adorar o Santíssimo Sacramento é entrar no coração da Igreja e permitir que Cristo reine de novo — não apenas nos templos, mas nas almas. São João Paulo II continua a nos convidar: “Não tenhais medo de vos aproximar da Eucaristia. Ela é o segredo da vossa santidade.”
Hoje, mais do que nunca, o mundo precisa de adoradores silenciosos que sustentem o barulho da história com a força da oração.
Porque onde há adoração, há esperança.
Onde Cristo é adorado, a Igreja floresce.
E quando um coração se ajoelha diante da Eucaristia, o próprio Céu se inclina para ouvir.